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A luta para a preservação de uma espécie: saiba mais sobre a toninha

Atualizado em 17/04/2023

Postado em 22/10/2020

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A toninha (Pontoporia blainvillei) é o golfinho mais ameaçado de extinção na América do Sul, tendo sua distribuição do Espirito Santo (ES) até a costa norte da Argentina, no Golfo San Matias. Ela pode medir aproximadamente 170 cm de comprimento nas fêmeas adultas e cerca de 160 cm nos machos, sendo o menor golfinho da América do Sul. Em razão de seus hábitos tímidos, é uma das espécies de golfinho menos conhecidas.

A toninha é uma espécie de águas rasas, sendo encontrada em profundidades de até 50 metros. Ela sofre com o impacto causado pelas atividades humanas (interação com a pesca e tráfego de embarcações que geram ruídos e podem causar colisões), o que explica o elevado número de animais que morrem nas proximidades da costa.

Em cinco anos de atividades, o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) já foram registradas  mais de 2.500 toninhas mortas. A atuação do projeto tem sido fundamental no apoio às ações de preservação destes animais.

Para reforçar a importância da preservação da espécie, no ano passado foi instituído o Dia da Toninha pelo ICMBio/CMA (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos), comemorado em 1º de outubro. “O objetivo é que nesse dia sejam realizadas inúmeras atividades pelas instituições e pelos pesquisadores que trabalham com a espécie, ajudando na divulgação da sua importância e fragilidade. Assim, a sociedade conhece mais sobre as toninhas e contribui com a sua conservação”, explica Fábia Luna, coordenadora do ICMBio/CMA.

 Marta Cremer foi coordenadora do Projeto Toninhas (https://projetotoninhas.org.br ), o qual teve patrocínio da Petrobras, e também atuou como coordenadora do trecho 5 do PMP-BS até maio do ano passado. Segundo Marta, as informações geradas pelo PMP-BS contribuem de forma direta com ações previstas no PAN Toninha (Plano de Ação Nacional para a Conservação da Espécie Ameaçada de Extinção), que conta com a colaboração da Petrobras. Além disso, as informações do projeto têm sido usadas por vários pesquisadores para embasar a argumentação de que a Instrução Normativa12/2012(https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/aquicultura-e-pesca/registro-monitoramento-e-cadastro/revisao-da-instrucao-normativa-interministerial), única normativa existente no Brasil voltada à regulação da pesca de emalhe, não pode ser flexibilizada

“Os dados reunidos pelo projeto vêm sendo apresentados em vários fóruns ligados à conservação marinha, incluindo a Comissão Internacional da Baleia, que tem um Plano de Manejo e Conservação da Toninha em andamento. Os dados também são utilizados por conselhos de unidades de conservação e órgãos do governo”.


 

Marta explica que a mortalidade está fortemente relacionada às interações com atividades de pesca que utilizam redes de emalhe. “As toninhas se enroscam acidentalmente nas redes e morrem asfixiadas. Os dados de mortalidade são muito preocupantes, ainda mais sabendo que boa parte das carcaças não chegam até a praia e, portanto, muitas mortes não são registradas. As amostras coletadas a partir das carcaças também permitem obter várias outras informações sobre aspectos da reprodução, alimentação, patologias e níveis de contaminação, o que também é muito importante para uma adequada gestão do problema”, afirma.

“Sabemos que os casos de mortalidade em redes de pesca não são intencionais. Mas é preciso lidar com esta situação para que estes números não representem a extinção de uma espécie”, alerta Marta.

A Dra. Camila Domit, que atua na coordenação do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) e no trecho 6 do PMP-BS onde está localizado o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Pontal do Paraná no Campus Pontal do Paraná - Centro de Estudos do Mar / Universidade Federal do Paraná, também destaca a importância do PMP-BS na preservação das toninhas.

“O projeto atua no monitoramento de encalhes e na avaliação de causas de morte e condição de saúde da fauna, ações fundamentais para entendimento da mortalidade e da situação da espécie ao longo da sua área de distribuição, principalmente entre o sul do Rio de Janeiro e Santa Catarina. Os resultados e dados obtidos vêm gerando contribuições essenciais à implementação de ações prioritárias do Plano Nacional de Conservação da Toninha (MMA/ICMBIO) e do Plano de Manejo e Conservação junto ao Comitê Científico da Comissão Internacional da Baleia”.


Camila ressaltou que a estrutura do PMP-BS permite atendimentos de animais vivos, em geral filhotes, os quais passam por um processo de tentativa de reabilitação. “No trecho 6 do projeto, os casos que mais nos marcam são os registros de fêmeas grávidas, que em diversas ocasiões apresentam clara interação com a pesca. Muitas vezes também encontramos animais encalhados mortos, o que é sempre dolorido para quem trabalha pela conservação e pela vida. Porém, no caso das toninhas, que estão ameaçadas de extinção, é ainda mais drástico, pois sabemos que a cada morte a chance de recuperação da espécie diminui”.

Em 5 anos do PMP-BS, apenas 2 toninhas foram resgatadas vivas, reabilitadas e devolvidas para a natureza. Todas as demais foram resgatadas mortas ou acabaram não sobrevivendo. Cristiane Koleniskovas, presidente da Associação R3 Animal e coordenadora do trecho 3 do PMP-BS, participou do processo de reabilitação de uma das toninhas que foi devolvida com vida ao mar. “Todos os dias são muito especiais para nós, pois estamos nas praias em contato com os animais. Mas o dia em que nossa equipe conseguiu reabilitar e fazer a soltura com sucesso de uma toninha foi ainda mais especial, pois demonstra a importância do nosso trabalho na conservação das espécies do nosso país”.

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