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A ORCA É UMA BALEIA OU UM GOLFINHO?

Atualizado em 17/04/2023

Postado em 22/07/2021

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Se você chegou até aqui é porque o título desse texto aguçou a sua curiosidade, não é? Eu, jornalista que vos escreve, confesso: fiquei passada! A Orca só é baleia (e assassina) no clássico filme de 1977. Na vida real, ela é um golfinho.

Tá bem. Há motivos para a confusão. A orca é um cetáceo, que é o grupo de mamíferos marinhos hidrodinâmicos (baleias, botos e golfinhos), e pode chegar até 9 metros de comprimento. Daí a sua fama de baleia.

São mais de 80 espécies de cetáceos pelo mundo que se dividem em duas subordens: odontocetos e misticetos. A região da Bacia de Santos, que vai de Florianópolis (SC) até Cabo Frio (RJ) é bem representativa da fauna de cetáceos – quase 80% das espécies do Brasil aparecem por aqui.

A maior diferença entre eles está no aparato alimentar. Odonto = possui dente. Já o grupo dos misticetos possui barbatanas, que são as estruturas responsáveis por filtrar o alimento da água, constituídas de cerdas queratinizadas. Essa ordem é mundialmente conhecida como “baleen whales” (= baleias de barbatana).

De modo geral, na classificação popular, as espécies com mais de 4 metros de comprimento são chamadas de baleias e as espécies menores são chamadas de botos e golfinhos. Dentre as exceções, temos as orcas e as cachalotes, que de acordo com as suas características são odontocetos, mas são amplamente chamadas de baleias.


Essa é a baleia-minke-Antártica. Ela é da ordem dos misticetos. E, como a gente sabe isso? A sua boca é repleta de barbatanas constituídas de queratina, que auxiliam o animal na filtragem do seu alimento.


 

Além das barbatanas, a família mais diversa de baleias possui na parte de baixo da cabeça as pregas ventrais (veja na foto acima as numerosas pregas ventrais da baleia-sei), que permitem que a cavidade bucal aumente bastante de tamanho. Assim, as baleias engolfam água junto de cardumes de pequenos e abundantes organismos que são seu alimento, e com a ajuda das barbatanas expelem a água e retém o alimento.

Você sabia que o Dia Internacional das Baleias e Golfinhos é celebrado duas vezes no ano?
Mais uma curiosidade sobre as baleias, botos egolfinhos é que esses animais têm duas datas de “aniversário”. Em 23 de julho de 1982, a Comissão Internacional da Baleia (IWC) estabeleceu a suspensão na concessão de autorizações de caça de baleias e golfinhos. Porém, o termo só foi aprovado em 17 de fevereiro de 1986, quando foi decretado oficialmente extinta a prática da caça comercial.

As datas também levantam a bandeira da importância de conservação dos cetáceos. E, não existe forma melhor de promover a proteção desses animais do que através de conhecimento. De acordo com o coordenador técnico do Projeto de Monitoramento de Cetáceos da Bacia de Santos (PMC-BS), o biólogo Leonardo Wedekin, ainda há muito o que se descobrir.

“Até bem pouco tempo não tínhamos nenhum dado. O PMC tem feito um grande esforço multi-metodológico em uma área pouco amostrada e temos conseguido produzir conhecimentos inéditos”, aponta Leonardo.

E, as curiosidades não param por aí. Veja só:

A baleia-de-Bryde é a única espécie residente de baleia-de-barbatana na região da Bacia de Santos. Na foto aparece uma baleia-de-Bryde, que chega até 18m de comprimento, de lado com a boca aberta engolfando um cardume de sardinhas na região do Cabo Frio – RJ. Ela é a única que se alimenta somente por aqui (as demais espécies são migratórias e usam as águas do nosso litoral principalmente para reprodução).

Outra espécie bem típica da região é o Golfinho-pintado-do-Atlântico (Stenella frontalis). Ele leva esse nome pelo seu corpo coberto por pintas, que se intensificam na medida em que o animal envelhece. Confira na foto acima, no centro um golfinho adulto pintado. Na mesma imagem, acima e abaixo estão dois indivíduos mais jovens e sem pintas.

O animal mais misterioso são as baleias-bicudas, da Família Ziphiidae. É muito difícil vê-las, ainda mais conseguir uma boa foto. Esses animais mergulham bem fundo e são ariscos, se mantendo sempre longe dos barcos. A grande maioria dos registros no Brasil são de encalhes dessas baleias.  Na foto acima, uma rara avistagem e com foto da baleia-bicuda-de-Cuvier, registrada pelo PMC na Bacia de Santos.

O coração da baleia azul tem o tamanho de um fusca! Ele pesa cerca de 180 kg e tem 1,5 metro. Incrível, né?!A baleia azul é o maior animal que já viveu na terra. Ela chega a 33m de comprimento e a pesar de 140 a 180 toneladas.


 

Em compensação, a toninha é um dos menores cetáceos existentes em águas brasileiras. Parente próxima dos botos e golfinhos, mas diferente deles, ela é discreta e não costuma se exibir com saltos. As fêmeas podem chegar a 1,6 m de comprimento e pesar cerca de 33 kg e os machos, menores, medem 1,4 m e pesam por volta de 27 kg.

Animais sociáveis
Os Cetáceos, principalmente da ordem dos odontocetos, são animais sociáveis, tanto entre eles, como com outros animais e humanos. A verdade é que as baleias e golfinhos amam, brincam e sofrem, assim como a gente.

Os golfinhos têm uma estrutura social complexa. De acordo com Leonardo, existem alguns exemplos de associações não consanguíneas que podem durar uma vida inteira. “É possível observarmos formação de aliança e diferentes níveis hierárquicos de socialidade que só primatas e humanos têm”, descreveu o biólogo. Na fotografia acima, um super-grupo de golfinhos-rotadores e golfinhos-pintados-pantropicais de centenas de indivíduos.

O cérebro dos golfinhos é fora do comum. Quando se compara o tamanho do corpo desses bichos com o tamanho de seu cérebro, eles têm um índice parecido com o dos humanos (6,5 para nós; 5,5 para eles). E ganham de lavada dos chimpanzés (apenas 2,6), outros gênios do mundo animal.

Há espécies que jogam algo como vôlei subaquático com algas apenas para se divertir. E as orcas – que já entendemos que são golfinhos, certo? – usam uma espécie de dialeto para se comunicar.

A Baleia Jubarte também pode ser chamada de baleia cantora! É sério! Elas emitem sons, como assobios, repetidos e ritmados como se fossem versos e notas musicais. Sua complexidade não é comparável com quase nenhum outro animal senão os humanos. São os machos da espécie que cantam em áreas reprodutivas como as águas tropicais do Brasil.

Moby Dick realmente existiu!

Estudos indicam que aconteceu mesmo um episódio semelhante ao relatado no livro de Herman Melville. Foi uma investida feita por uma baleia cachalote macho enfurecida, no início do século 19, contra um navio baleeiro. Esta baleia é conhecida pelos seus mergulhos profundos, podendo chegar a mais de 1.500 m de profundidade na Bacia de Santos. Haja fôlego!

Sobre o PMC-BS
O Projeto de Monitoramento de Cetáceos na Bacia de Santos (PMC-BS) é uma das ações definidas pelo Ibama no Licenciamento Ambiental das atividades de produção e escoamento de petróleo e gás natural da Petrobras na Bacia de Santos. O objetivo é conhecer a ecologia de baleias e golfinhos, para avaliar se há interferência dessas atividades nesses animais. O projeto foi iniciado em 2015, com o Ciclo de Curto Prazo de duração (3 a 6 anos). Em julho de 2021 foi iniciada a primeira campanha de Monitoramento Embarcado do Ciclo de Médio Prazo do projeto, com duração prevista de 7 a 12 anos.

O projeto utiliza vários métodos para buscar conhecer as populações de golfinhos e baleias: transecções lineares (malha de linhas amostrais distribuídas de forma regular pela área) em campanhas de avistagem embarcada e aérea para registro das espécies e contagem de indivíduos, estimativa de abundância e distribuição, seja a partir de barco ou de avião; Monitoramento Acústico Passivo (MAP) para gravação e identificação de sons de baleias e golfinhos; marcação com transmissores satelitais (Implantáveis e do tipo LIMPET, com âncoras de fixação no animal) e arquivais rádio-transmissores (DTags e Cats, que se fixam no animal por meio de copos de sucção) para buscar conhecer os deslocamentos, a distribuição, a migração das espécies e o uso dos ambientes por estas; coletadas de biópsias para análises genéticas e de contaminantes/biomarcadores; e foto-identificação dos animais, seja para a identificação individual dos animais ou para a identificação de doenças e lesões na pele.

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