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PMC 5 anos: um trabalho de pesquisa sem precedentes com golfinhos e baleias na costa brasileira

Atualizado em 17/04/2023

Postado em 30/10/2020

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Mais de 159 mil quilômetros percorridos, equivalente a 4 voltas ao mundo, resultando em 2.431 detecções visuais e 1.096 detecções acústicas de grupos de cetáceos. Uma área monitorada de Florianópolis/SC até Cabo Frio/RJ, cobrindo desde águas costeiras até oceânicas, atingindo uma distância de 350 km da costa e mais de 2.000 metros de profundidade.

Estes são alguns números expressivos do Projeto de Monitoramento de Cetáceos da Bacia de Santos (PMC-BS), que em 5 anos celebrou resultados relevantes e inéditos para a ciência e preservação de pelo menos 27 espécies de cetáceos graças a um trabalho de sinergia entre vários profissionais. Os dados se tornam ainda mais importantes pelo fato de pelo menos 7 espécies estarem com algum grau de ameaça de extinção.


 

“Os dados produzidos permitem responder diversas questões sobre biologia dos cetáceos, por exemplo onde as espécies estão e por qual motivo, como se movimentam, para onde migram, quantos animais existem, como se comportam e como se comunicam”, avalia o biólogo Leonardo Wedekin, coordenador técnico do projeto, que foi iniciado no segundo semestre de 2015 e cumpre as exigências do Ibama no licenciamento ambiental das atividades de produção e escoamento de óleo e gás natural da Petrobras na Bacia de Santos.

Segundo Leonardo, o PMC permitiu levantar informações sobre as três maiores baleias do mundo que estão ameaçadas de extinção: a baleia-azul (Balaenoptera musculus), o maior animal da Terra, a baleia-fin (Balaenoptera borealis) e a baleia-sei (Balaenoptera physalis). “Existiam pouquíssimas observações da baleia-azul e baleia-fin no Brasil nas últimas décadas”, destaca Leonardo, que também chamou a atenção para diversas detecções de animais raros como as baleias-bicudas (cachalote-anão) e kogídeos (cachalote-pigmeu). “Estes animais raramente se aproximam de embarcações e, por serem exímios mergulhadores, também são difíceis de serem detectados. Potentes hidrofones que captam frequências ultrassônicas possibilitaram a detecção destes grupos de cetáceos misteriosos”.


 

O PMC é executado pela Socioambiental, contratada pela Petrobras até junho de 2021, e já realizou 33 campanhas de coleta de dados, sendo 11 campanhas de avistagem embarcada, 11 de avistagem aérea e 11 de telemetria.  “Temos a participação de dezenas de profissionais brasileiros e estrangeiros com diferentes conhecimentos e competências. Nas campanhas cada um desempenha um papel importante e o sucesso exige grande sintonia, capacitação e treinamento constantes. A boa convivência da equipe por um longo período de tempo em um ambiente confinado de um barco também é fundamental”, explica Leonardo, que também aponta a importância da tecnologia empregada no projeto. “Usamos hidrofones rebocados pelo barco e transmissores satelitais, que pegam carona nos animais para coletar os dados”.

Mesmo já tendo realizado inúmeros embarques ao longo da vida, Leonardo conta que as melhores experiências foram no PMC. “Um dia inesquecível foi a primeira baleia-azul que avistamos. Estávamos na região de um cânion submarino que descobrimos se tratar de uma das regiões com maior concentração de baleias e golfinhos da Bacia de Santos. No final da tarde, subiu perto do barco, de repente, um animal colossal, era a baleia-azul. Aquele registro foi o primeiro da espécie pelo PMC e para todos da equipe, que possui profissionais com décadas de experiência na pesquisa com cetáceos”, lembra.

Os resultados marcantes do PMC ainda vão gerar mais frutos no futuro. “No longo prazo estes dados servirão para avaliar como as diversas atividades humanas realizadas no oceano impactam estas espécies que têm enorme importância ecológica para os ecossistemas marinhos”, projeta Leonardo.

Primeira mulher brasileira a taggear cetáceos

Ana Kássia de Moraes Alves entrou para a história da biologia marinha ao se tornar a primeira mulher a atirar em águas brasileiras transmissores satelitais do tipo limpet na nadadeira dorsal de animais. “Minha primeira marcação foi em uma gigante pouco conhecida, a baleia-sei. Esta conquista é mais do que uma realização pessoal, é o reflexo do trabalho de todas as pessoas da nossa equipe que me incentivaram e me deram espaço e treinamento. Até pouco tempo atrás, o mar era um ambiente estritamente masculino. Este é mais um passo de conquista para nós mulheres que nos dedicamos à pesquisa e conservação de cetáceos no Brasil”.

A bióloga integra a equipe de telemetria do PMC-BS desde 2016, quando foi treinada para coletar biópsias, pequenas amostras de pele e gordura dos animais. “Elas são obtidas através de uma flecha especial que é atirada com uma balestra recurva em golfinhos e baleias.  Simultaneamente são implantados transmissores satelitais que indicam a posição dos animais através do sinal que é enviado para um satélite”, explica Ana Kássia, que realizou uma dissertação de mestrado sobre golfinhos a partir de dados coletados no Monitoramento Acústico Passivo (MAP) do PMC-BS.


Preparação para implantação do transmissor satelitel do tipo limpet com balestra em uma baleia-sei durante o PMC-BS.  Autor: Uilson/Socioambiental Consultores Associados

Aprendendo na prática

Fábio da Costa Gomes é o comandante da embarcação Sea Route, utilizada pelo PMC, e aprendeu no cotidiano a identificar as diversas espécies de cetáceos. “Conhecia baleias mas achava que todas eram jubartes. Comecei a aprender com os biólogos no dia a dia, identificando de longe o comportamento do animal em relação à embarcação, o jeito que cada uma salta. Hoje, se eu ver um cetáceo eu consigo identificar”, orgulha-se Fábio, que atua no projeto desde o seu início.

“É muito gratificante trabalhar com cetáceos. Além disso, aumentou meu conhecimento sobre a preservação dos animais. Procuro passar estes ensinamentos para as pessoas, especialmente para os meus filhos”.

Já Uilson Farias, mais conhecido como Lixinha, é de uma família de pescadores de Caravelas, litoral sul da Bahia. Ele atua como marinheiro em pesquisas com cetáceos há mais de 20 anos e desempenha um papel de extrema importância para o trabalho de marcação de golfinhos e baleias com transmissores satelitais: pilotar o bote inflável de marcação. É uma atividade que exige muita habilidade na pilotagem e na "leitura" do comportamento dos cetáceos, além da alta responsabilidade pela segurança da equipe, que fica exposta bem próxima de animais maiores de 15 metros e com dezenas de toneladas de peso.

“Não basta pilotar bem. O trabalho de aproximação requer muitos conhecimentos sobre os cetáceos que aprendi na prática. É fundamental fazer uma avaliação de riscos, pois cada espécie pode reagir de uma forma diferente”, conta Lixinha.


 

Registros raros

O monitoramento de cetáceos ao longo deste período rendeu registros importantes, como o captado em abril de 2019, quando cerca de 40 cachalotes (Physeter macrocephalus) foram avistadas a mais de 300 quilômetros das praias do litoral de São Paulo.


 

O PMC fez 6 registros raros (4 em 2017, 1 em 2019 e 1 em 2020) de baleias-azuis (Balaenoptera musculus), considerado o maior animal da Terra e que pode chegar a mais de 30 metros de comprimento e pesar 180 toneladas. Os registros anteriores dessa espécie criticamente ameaçada de extinção na costa brasileira datavam da década de 1960. Estas foram as primeiras avistagens para a Bacia de Santos, os primeiros registros documentados com vídeo no Brasil e os primeiros registros identificados individualmente do Brasil.

Os dois casos tiveram repercussão midiática, contribuindo para a disseminação de conhecimentos sobre os cetáceos para a população em geral.


 

Monitoramentos

Há duas frentes de monitoramento:


- Direta: por meio de registros de vocalizações durante os cruzeiros de avistagens, marcação de animais para telemetria, cruzeiros de avistagens e sobrevoo de avistagem;

- Indireta: coleta de amostras para análises genéticas,bioquímicas, bioacumulação de HPA (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos), registro fotográfico para Foto identificação dos indivíduos e monitoramento de lesões de pele.

A cada semestre são realizadas três campanhas de monitoramento:

- Uma de Telemetria com duração de 25 dias;

- Uma de Avistagem Aérea com duração de até 12 dias;

- Uma de Avistagem Embarcada e Monitoramento Acústico Passivo (MAP) com duração de até 50 dias.

Saiba mais sobre o PMC

Acompanhe nas redes sociais da Petrobras (Instagram, Facebook e Linkedln) as informações publicadas sobre o 5º aniversário do PMC.

Os incríveis resultados do PMC podem ser acessados nos sites:

http://sispmcprd.petrobras.com.br/sispmc

www.comunicabaciadesantos.com.br/programa-ambiental/projeto-de-monitoramento-de-cetaceos-pmc.html

 

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