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Animais marcados: histórias de espécies registradas pelo PMP-BS são desvendadas graças a essa técnica

Atualizado em 17/04/2023

Postado em 14/04/2021

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Trinta-réis-boreal (Sterna hirundo) com anilha dos EUA encontrado em Santa Catarina e reabilitado pelo PMP-BS (à esquerda). Soltura do Trinta-réis-boreal (Sterna hirundo) após reabilitação.

Aves viajadas? Temos! Graças ao sistema de marcação de animais é possível realizar diversos estudos em relação à sua movimentação, longevidade, área de vida, dispersão e características de reprodução. A técnica tem contribuído para somar informações sobre espécies marinhas registradas pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).

O caso mais recente de um desses viajantes é um trinta-réis-boreal (Sterna hirundo) localizado com uma anilha de identificação do Serviço Geológico dos Estados Unidos (United States Geological Survey -USGS), datada de 2018. A ave marinha foi encontrada em dezembro de 2020 na praia do Campeche, em Florianópolis (SC). A espécie tem por característica migrar da América do Norte para a América do Sul para evitar o inverno do hemisfério norte.

De acordo com o órgão norte-americano, a ave foi anilhada, ainda filhote, próximo à localidade Orient, em Suffolk County, no estado de Nova Iorque. Depois de 18 dias de tratamento no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Florianópolis (Associação R3 Animal), o trinta-réis foi devolvido pelo PMP-BS à natureza.

“RG” animal

As equipes do projeto atuam diariamente com foco no resgate de animais marinhos vivos debilitados, no registro e análise de carcaças de animais mortos e prestando atendimento veterinário aos animais resgatados, buscando sua reabilitação e soltura, sempre que possível.

Antes de serem soltos após a reabilitação, todos os animais recebem uma marcação individual única: seu “RG”. As informações registradas, como data, local e idade do animal no momento da marcação, são dados valiosos que podem contribuir para pesquisas e monitoramento das espécies, além de serem relevantes para a reabilitação do animal, caso seja novamente encontrado.

As aves voadoras recebem anilhas metálicas fornecidas pelo CEMAVE (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Aves Silvestres do ICMBio), que são colocadas em uma das pernas da ave.  Os pinguins recebem um microchip implantado entre as escápulas logo abaixo da pele (região subcutânea).

Os mamíferos aquáticos (pinípedes) podem receber tanto um microchip subcutâneo inserido entre as escápulas, como também um brinco, que é colocado nos membros anteriores (lobos-marinhos e leões-marinhos) ou membros posteriores (focas). As tartarugas recebem um par de marcações metálicas colocadas nos membros anteriores ou posteriores, dependendo da espécie.

Muitos quilômetros entre os continentes

Em 2018, a equipe do PMP-BS que monitora o trecho de Laguna à Imbituba, litoral sul de Santa Catarina registrou o primeiro caso de Skua-antártica anilhada. A equipe foi acionada para resgatar um lobo-marinho (Arctocephalus australis) ferido no balneário Dunas do Sul, em Jaguaruna (SC), e encontrou também uma ave morta. Para a surpresa da equipe, tratava-se de uma Skua-antártica (Catharacta antartica), espécie que apresenta poucos registros no Brasil e que realiza longas migrações entre os hemisférios norte e sul.


Conforme o registro a anilha foi aplicada na Antártica em 1992, sendo que na época a ave foi considerada jovem já que ainda não voava. A carcaça da ave foi encaminhada para a Unidade de Estabilização de Laguna-SC, porém os veterinários não conseguiram determinar a causa da morte devido ao avançado estado de decomposição.

Anilhas ajudam a identificar a idade de dois trinta-réis-de-bando encontrados no litoral de São Paulo


Com o código da anilha desse trinta-réis-de-bando (Thalasseus acuflavidus) encontrado em agosto de 2020 na praia de Pernambuco, no Guarujá (SP), foi possível determinar que o animal possuía mais de 25 anos de idade quando encalhou na praia da baixada santista. Ele foi anilhado em 3 de julho de 1995, na Ilha Escalvada, em Guarapari (ES), e registrado como “ninhego”, ou seja, foi anilhado ainda filhote.


Encontrado em agosto de 2020 na praia de Boraceia, outro trinta-réis-de-bando (Thalasseus acuflavidus) foi anilhado ainda filhote no ninho em 16 de julho de 1999, na Ilha Laje Conceição, em Itanhaém (SP), revelando uma idade de, no mínimo, 21 anos.

Mais casos interessantes


Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) encalhada em Ilha Comprida (SP), em outubro de 2016, com marcação de 2009 no Mayumba National Park, parque no Gabão (África).


Trinta-réis-real (Thalasseus maximus) encontrado em 2018 com marcação de 2011 da Reserva de Punta Léon - Raeson - Chubut – Argentina. 


Bobo-pequeno (Puffinus puffinus) encalhado em Ilha Comprida (SP), em 2015, com marcação de 1989 da Bardsey Island - Gwynedd - Reino Unido.                                                                            

Saiba mais sobre o PMP-BS

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos abrange os municípios litorâneos dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e do Rio de Janeiro (de Paraty até Saquarema). A extensa área a ser monitorada (mais de 1.500 km de costa) pelo PMP-BS é dividida em Área SC/PR (cuja execução é coordenada pela Univali), Área SP (cuja execução é coordenada pela empresa Mineral) e Área RJ (cuja execução é coordenada pela empresa Econservation).

O projeto, executado pela Petrobras para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, é uma ferramenta para a gestão ambiental das atividades da companhia e entrega um resultado importante para a conservação das espécies marinhas.

A população pode participar, acionando as equipes ao avistar um animal marinho vivo ou morto, pelos telefones:

PMP Área SC/PR e Área SP – 0800 642-3341

PMP Área RJ – 0800 999-5151

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