Entre os dias 24 e 28 de agosto de 2017, as equipes do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos Fase 2 (CTA-Serviços em Meio Ambiente e Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Sudeste) atenderam dois encalhes de baleias vivas da espécie Megaptera novaeangliae, conhecidas popularmente como Jubarte, na região de Sepetiba e Angra dos Reis.
O primeiro registro de encalhe ocorreu na Ilha da Marambaia e foi confirmado no dia 24 de agosto de 2017, por volta das 18 horas, pela Marinha do Brasil. O animal encontrava-se encalhado num banco de areia em frente à Praia Grande, mais ou menos a um quilômetro de distância da Ilha. As equipes do PMP-BS Fase 2 iniciaram o monitoramento e, durante a madrugada, com a maré alta, a baleia conseguiu sair espontaneamente do banco de areia. Pela manhã foi possível visualizar o animal nadando ativamente, saltando e exibindo as nadadeiras peitorais e caudal.
No entanto, nesse mesmo dia, a Jubarte voltou a encalhar em outro banco de areia num local conhecido como Saco da Pombeba, também na Ilha da Marambaia. Imediatamente, as equipes iniciaram nova mobilização e, após avaliada a situação, optou-se pela tentativa de desencalhe do animal. Foram realizados dois esforços de remoção da baleia, utilizando-se embarcações de apoio e rebocadores, porém sem sucesso, devido à profundidade do local.
Mais uma vez, da mesma forma como ocorrido durante a madrugada, na maré cheia, o animal conseguiu sair do banco de areia, mas dessa vez não nadava ativamente e permaneceu com movimentos circulares na mesma região do Saco da Pombeba.
Ainda na sexta-feira, às 21h30, as equipes foram notificadas que a baleia se encontrava novamente encalhada. Na manhã no dia seguinte (26/08), foi constatado que o animal estava de fato encalhado na Praia da Armação, porção interior da Ilha da Marambaia. Era visível o cansaço do animal e devido aos recidivos encalhes, decidiu-se pela realização da eutanásia, procedimento recomendado nessas situações para abreviar o sofrimento do indivíduo. Enquanto os medicamentos necessários eram adquiridos e disponibilizados no local, as equipes em campo efetuaram uma última tentativa de desencalhe. Importante ressaltar que a baleia media 10,3 metros de comprimento e tinha peso aproximado de 14 toneladas. A operação foi realizada com êxito.
No domingo (27/08), a equipe do PMP-BS Fase 2 empreendeu esforços no monitoramento da baleia impedindo que ela voltasse a encalhar. Ao final do dia e durante toda segunda-feira (28 de agosto), o monitoramento continuou e o animal não foi mais visto. Ainda na segunda-feira foi registrada mais uma baleia encalhada na Ilha da Marambaia, mas não se tratava do mesmo animal, devido ao avançado estágio de decomposição em que se encontrava.
Durante os dias em que a baleia Jubarte permaneceu encalhada na Ilha da Marambaia, as equipes do PMP-BS Fase 2 (CTA-Serviços em Meio Ambiente e Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Sudeste) contaram com apoio do INEA, da Secretaria de Meio Ambiente de Mangaratiba, da Secretaria de Turismo de Mangaratiba, da Marinha do Brasil, de pescadores e da comunidade quilombola da Ilha da Marambaia, da VALE (empréstimo dos rebocadores) e da SERVMAR Soluções Náuticas (empréstimo de cordas) e suporte técnico do Insituto Baleia Jubarte e Instituto Argonauta que no ano 2000 obteve sucesso no desencalhe de uma baleia avistada 10 anos depois.
Encalhe na Praia do Sul
No sábado (26/08), durante os esforços de atendimento da baleia na Ilha da Marambaia, a equipe do PMP-BS Fase 2 foi notificada sobre outra ocorrência de baleia Jubarte viva encalhada, mas dessa vez na Praia do Sul, Ilha Grande (Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul). Por se tratar de um local de difícil acesso, a mobilização e transporte das equipes ocorreu por meio de transporte aéreo e aquático. No mesmo dia, as condições do animal e ambiental foram avaliadas pelas equipes presentes (PMP-BS Fase 2, INEA e Corpo de Bombeiros) e decidiu-se pela tentativa de desencalhe, que somente foi possível no dia seguinte.
O animal, com comprimento total de 12,3 metros e aproximadamente 27 toneladas, encontrava-se na zona de arrebentação com forte correnteza, o que dificultou bastante os esforços de amarração e condução dos cabos até os rebocadores da Transpetro, que davam suporte às ações. Infelizmente, a baleia veio à óbito antes que o procedimento de amarração fosse concluído. Após constatada a morte do animal, somente as equipes do PMP-BS Fase 2 permaneceram na Ilha, para que no dia seguinte pudessem ser realizados os exames necroscópicos.
Diante dos fatos ocorridos, é importante lembrar que, apesar de serem eventos de grande comoção e sensibilização dos envolvidos e da sociedade em geral, os encalhes em maior número também são função da presença de um número crescente de baleias Jubarte nas águas brasileiras, graças à gradativa recuperação da população da espécie no Atlântico Sul, conforme esclarece o Instituto Baleia Jubarte.