O balanço do ano de 2021 para o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) resultou em 15.775 animais encontrados nos municípios litorâneos dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e do Rio de Janeiro (de Paraty até Saquarema). As aves marinhas (10.261) foram os animais mais registrados pelo PMP-BS no ano passado, sendo que a espécie com maior número de registros foi o pinguim de Magalhães (Spheniscus magellanicus). Agosto foi o mês com maior número de registros em 2021 (3.960) e a área de monitoramento de SC/PR teve o maior número de animais encontrados (10.706). Confira abaixo alguns números do PMP-BS em 2021:
A novidade de 2021 no Estado de São Paulo foi a ocorrência dos primeiros registros pelo PMP-BS das seguintes espécies: pardela-de-óculos (Procellaria conspicillata), atobá-grande (Sula dactylatra), mandrião-de-cauda-comprida (Stercorarius longicaudus) e lobo-marinho-antártico (Arctocephalus gazella). “Em relação às aves, apesar dessas espécies não serem comumente avistadas no nosso litoral, elas estão presentes principalmente em áreas mais oceânicas. Sendo assim, provavelmente algum evento climático pode ter contribuído para desviar o caminho desses animais e fez com que eles chegassem às nossas praias”, ressalta Henrique Chupil, ornitólogo e coordenador do PMP-BS no Trecho 7, cuja instituição executora é IPeC.
Pardela-de-óculos (Procellaria conspicillata) reabilitada no CRD de Cananeia, cuja soltura foi realizada em dezembro/21 nas proximidades da Ilha do Bom Abrigo, em Cananeia-SP.
As tartarugas marinhas foram o destaque no Estado do Rio de Janeiro no trecho monitorado pelo PMP-BS, somando 567 registros para as 5 espécies que ocorrem no litoral brasileiro. Todas as espécies estão ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Em muitos casos as tartarugas são encontradas machucadas por algum petrecho de pesca, como redes e anzóis, ou debilitadas por ingestão de lixo.
Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) reabilitada no CRD de Araruama, cuja soltura foi realizada em janeiro/21 nas proximidades das Ilhas Cagarras, no Rio de Janeiro-RJ.
Em Santa Catarina, Jeferson Dick, oceanógrafo e coordenador da Unidade de Estabilização de Penha, no Trecho 4 do PMP-BS, cuja instituição executora é Univali, ressalta que em 2021 o destaque ficou por conta do aumento significativo de ocorrências de baleias-jubarte. “É um fenômeno que ainda não foi completamente compreendido pela comunidade científica. Estamos curiosos para saber se o fato se repetirá em 2022”. Somente no trecho de praia monitorado entre as cidades de Barra Velha e Governador Celso Ramos (SC), houve no ano passado o encalhe de 7 baleias-jubarte.
Reabilitação
Todos os animais marinhos encontrados debilitados são avaliados e, quando necessário, são encaminhados para o atendimento veterinário em instalações do PMP-BS. Estes animais passam por estabilização clínica, tratamento veterinário e manejo na Rede de Atendimento Veterinário do PMP-BS, visando sua reabilitação plena, para que tenham condições de retornar à natureza, em processo chamado soltura.
Em 2021, tivemos um total de 585 solturas após reabilitação, sendo a área que corresponde aos Estados de Santa Cataria e Paraná apresentou o maior número, com mais de 300 animais.
Foca caranguejeira (Lobodon carcinophaga), que após reabilitação no CRD de Ubatuba, foi solta em alto mar no Estado de São Paulo, em setembro de 2021.
Relatórios técnicos, produção científica e banco de dados do PMP-BS
Os dados obtidos pelo PMP-BS são apresentados anualmente ao Ibama em relatórios técnicos e também têm contribuído para a produção científica das várias instituições envolvidas no projeto por meio de artigos, trabalhos de graduação e pós-graduação, entre outros. Como estes dados ficam armazenados em um sistema de acesso público, o SIMBA (Sistema de Informação de Monitoramento da Biota Aquática - https://simba.petrobras.com.br/simba/web/), as informações geradas pelas instituições envolvidas no projeto podem ser subsidiar pesquisas de outras instituições, ampliando o alcance do uso dos resultados do projeto.
Saiba mais sobre o PMP-BS
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos abrange os municípios litorâneos dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e do Rio de Janeiro (de Paraty até Saquarema). A extensa área a ser monitorada (mais de 1.500 km de costa) pelo PMP-BS é dividida em Área SC/PR (execução coordenada pela Univali), Área SP (execução coordenada pela empresa Mineral) e Área RJ (execução coordenada pela empresa Econservation).
O projeto, executado pela Petrobras para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, é uma ferramenta para a gestão ambiental das atividades da companhia e entrega um resultado importante para a conservação das espécies marinhas.
A população pode participar, acionando as equipes ao avistar um animal marinho vivo ou morto, pelos telefones: