Espécie de hábito tanto costeiro como oceânico, o mandrião-chileno (Stercorarius chilensis) distribui-se principalmente nas porções mais ao sul do continente sul-americano. Tem o porte um pouco mais robusto do que o de um gaivotão (em torno de 60 cm de comprimento e 1,3 m de envergadura) e é uma espécie de hábitos alimentares variados, explorando tanto peixes, crustáceos e moluscos, como carcaças de animais mortos, ovos e filhotes de aves. Pode apresentar também comportamento cleptoparasita, que é quando uma espécie “rouba” o alimento de outras espécies.
Ocorre no Brasil principalmente durante o inverno, onde é visto mais comumente em áreas oceânicas. Eventualmente se aproximam da costa, seja decorrente de algum fator ambiental ou por estarem debilitados.
Esse foi o caso de um mandrião-chileno resgatado pelo Instituto de Pesquisas Cananéia dentro do PMP-BS no dia 04 de agosto em uma praia do município de Ilha Comprida, extremidade sul do Litoral do Estado de São Paulo.
De acordo com a equipe de resgate do IPeC, a ave encontrava-se imóvel na areia da praia, correndo o risco de ser predada por outros animais ou mesmo atropelada por veículos. Após avaliação inicial, o animal foi levado ao Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos do IPeC, em Cananéia, onde os biólogos e veterinários constataram um quadro de hipotermia (temperatura corporal reduzida), desidratação e anemia. Apesar disso, o animal não apresentava lesões externas, alimentava-se bem e tinha boa impermeabilidade nas penas.
Devido à sua rápida melhora, reagindo bem ao tratamento de suporte nutricional, ele pôde ser devolvido à natureza no dia 03 de setembro de 2020.
Saiba mais sobre a espécie
O mandrião-chileno (Stercorarius chilensis) é uma ave marinha endêmica da América do Sul e seu nome científico é uma referência à sua forma de alimentação: stercorarius provém da palavra “esterco” (stercus, stercoris, esterco) por atacar outras aves até elas regurgitarem; e chilensis faz referência ao Chile, país vizinho ao Brasil. Em resumo, seu nome significa “comedor de esterco do Chile”.
Por ser uma espécie oceânica e rara, apenas 4 mandriões-chilenos foram encontrados no Estado de São Paulo durante os 5 anos de Projeto. Três foram localizados vivos (em Iguape, Bertioga e Ilha Comprida) e 1 morto (em Caraguatatuba). Geralmente é uma ave de difícil reabilitação, apesar dos esforços da equipe, pois na maioria das vezes é localizada bem debilitada.
É um animal territorial e relativamente agressivo. Sua reprodução acontece em colônias numerosas, localizadas em Ilhas e zonas costeiras remotas do continente. Podem ser encontrados na Argentina, no Brasil, Chile, Equador, Peru, Uruguai e nas Ilhas Malvinas.
Como acionar o PMP-BS
Caso você encontre um animal marinho encalhado vivo ou morto na praia, mantenha uma distância segura e entre em contato com o PMP-BS o mais rápido possível pelo telefone:
0800 642 3341
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) recebe acionamentos a respeito de tartarugas marinhas, aves marinhas e mamíferos marinhos (golfinhos, baleias, lobos marinhos, etc.) vivos debilitados ou mortos.
O PMP-BS é desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. O projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. A responsabilidade técnica do PMP-BS no Estado de São Paulo, que engloba os Trechos 07, 08, 09 e 10, é da Mineral Engenharia e Meio Ambiente Ltda. em parceria com as instituições executoras (IPeC, Gremar, Biopesca, Argonauta e Projeto Tamar).