O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) completa neste mês, no dia 24 de agosto, cinco anos de existência e o mês coincide com o início da temporada de soltura dos pinguins resgatados pelo projeto. Essa temporada só está acontecendo agora porque os pinguins chegaram em grande número em junho, o que não ocorreu nos anos anteriores.

Nesta semana foram soltos 36 animais, da espécie pinguim-de-magalhães. No dia 3, na Praia do Moçambique, em Florianópolis (SC), retornaram ao oceano 20 aves. Já no dia 5, na Praia de Pontal do Sul, em Pontal do Paraná (PR), 16 pinguins chegaram a reta final do tratamento e reabilitação e voltaram ao seu ambiente natural. Clique aqui para ver o vídeo desta soltura.

Imagens da soltura no Pontal do Paraná (PMP-BS/UFPR)

Estes animais foram resgatados por meio de acionamentos feitos pelos comunitários ou foram registrados pela equipe de monitoramento regular do PMP-BS. Eles passaram por tratamento veterinário e, agora, após a estabilização do quadro clínico, retornarão ao habitat natural. São os primeiros grupos a serem liberados na natureza desde o início da temporada anual de migração dos pinguins. Antes, cada um dos animais recebeu um chip que permitirá a sua identificação, caso reapareçam em outra região. Eles foram reabilitados nos Centros de Reabilitação e Despetrolização de Florianópolis e de Pontal do Paraná, instalações construídas nos primeiros anos do projeto e mantidas pelo PMP-BS.

Os pinguins-de-magalhães, a única espécie que aparece no Brasil, são originários do sul da Argentina e ocorrem ao longo da costa sul e sudeste, quando deslocam no período de inverno em busca de peixes, lulas, krill e outros crustáceos. A soltura desses animais é recomendada que seja feita somente após reunir um grupo de no mínimo 10 indivíduos e que ocorra até o mês de novembro/dezembro, época em que as correntes marinhas ajudam no retorno destes animais ao seu local de origem.

A veterinária da R3 Animal, instituição executora do Trecho 3 (Área SC/PR), Cristiane Kolesnikovas explica que os pinguins encontrados nas praias brasileiras, em sua grande maioria, estão em seu primeiro ano de vida e não resistem a longa viagem de migração. “Como são inexperientes, é comum que alguns animais tenham dificuldade em se alimentar, se percam dos bandos e fiquem debilitados, encalhando nas praias”.  Além disso, muitos são encontrados machucados por embarcações, petrechos de pesca ou afetados pelos resíduos sólidos. Todos os animais marinhos encontrados são avaliados e, quando necessário, são encaminhados para o atendimento veterinário.

Os animais indo para o mar em Florianópolis (fotos PMP-BS/Nilson Coelho)

Em Santa Catarina, ainda estão em reabilitação 25 pinguins, que, assim que estiverem restabelecidos, também serão devolvidos à natureza.

Sobre o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos

O PMP-BS é desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.  O objetivo é avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.

O projeto é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos, sob execução de diferentes instituições:

- PMP-BS Área SC/PR, cuja coordenação é realizada pela Univali e executado por 6 instituições;

- PMP-BS Área SP, cuja coordenação é realizada pela empresa Mineral e executado por 5 instituições;

- PMP-BS Área RJ, cuja execução é coordenada pela empresa Econservation.