Um dado tem chamado a atenção dos pesquisadores e monitores que atuam no Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) Área RJ (Paraty a Saquarema): o aumento de resgates de fragatas com lesões causadas por linha de pipa com material cortante.
As fragatas (Fregata magnificens) são aves marinhas que, em busca de alimentos, sobrevoam constantemente praias e áreas costeiras. Essa espécie alimenta-se de peixes capturados por outras aves, sendo popularmente conhecida como “pirata-do-mar”.
Entre janeiro e abril de 2020, foram resgatadas no PMP-BS Área RJ 26 fragatas com lesões similares. A partir do final de março, os casos tornaram-se mais frequentes.
Apenas nos primeiros cinco dias de maio, cinco fragatas foram resgatadas com ferimentos decorrentes de linha de pipa.
Os locais com maior ocorrência são a Ilha do Governador e Itaipuaçu, no Estado do Rio de Janeiro, onde há constantemente campeonatos de pipa em diferentes comunidades.
As lesões, comumente presentes nas asas, incluem lacerações profundas, com ruptura de tendões de sustentação para o voo e avulsão de musculatura.
Com cerca de 2 metros de envergadura de asa e, em média, 1,5 quilo, as fragatas são a espécie com maior superfície de asa por unidade de peso. Por isso, ferimentos nas asas, como os provocados por linhas de pipa, podem comprometer a saúde destes animais, impedindo-os de se alimentar.
Entre as aves resgatadas, algumas foram submetidas a cirurgias de reconstrução das estruturas afetadas. Entretanto, a taxa de sucesso é pequena devido à complexidade anatômica da asa dessa espécie. Além disso, após os procedimentos, são necessários longos períodos de fisioterapia de voo. Os animais que não recuperam a capacidade de voo precisam ser sacrificados, uma vez que as fragatas não sobrevivem em cativeiro.
O aumento dos casos pode estar associado à quarentena decorrente da pandemia de Covid-19, que alterou a rotina, inclusive escolar.
Proibição ao uso do cerol
O uso de linhas de pipa com material cortante, como cerol, é proibido por lei no Rio de Janeiro devido a inúmeros acidentes fatais envolvendo inclusive seres humanos (Artigo 1º da Lei nº 7784 de 13 de novembro de 2017).
Desta forma, são proibidos a produção informal e a fabricação comercial, a comercialização, a compra, o porte, a posse e o uso da substância constituída de vidro moído e cola (cerol); bem como da linha encerada com quartzo moído, algodão e óxido de alumínio, denominada "linha chilena", ou de qualquer produto utilizado na prática de soltar pipa que possua elementos cortantes.
Quem for pego vendendo ou utilizando esses materiais será indiciado e pagará multa de R$ 342,00.
Através do Disque-Denúncia (fone 0800-285-2121), podem ser fornecidas informações sobre o uso ou venda destas linhas.
Reforce esse alerta e passe essa informação adiante em sua família e comunidade.
Medidas de contingência do Projeto de Monitoramento de Praias
O PMP-BS adotou algumas medidas de contingência em decorrência da pandemia de Covid-19. Relembre abaixo:
- Foi mantido o monitoramento regular das praias nos 58 municípios abrangidos pelo PMP-BS que continuam com acesso permitido, sendo feito com efetivo reduzido de profissionais.
- Suspenso o monitoramento regular apenas nas praias onde as condições de segurança ou operacionais não permitem a execução com um único técnico ou onde as comunidades tradicionais solicitaram a interrupção do monitoramento (Área SC/PR: Ilha das Peças e Superagui Norte (Trecho 6); Área SP: Trecho Cambuzinho e Praia Preta (Trecho 9), Armação, Camburi, Feiticeira, Oeste, Picinguaba, Pinto, Ponta Azeda, Praia do Péres, Praia do Sérgio, Praia Porto Batongo, Prainha Péres, Ponta Pequeá (Trecho 10); Área RJ: Caixa D´Aço e Prainha Grande (Trecho 11), Frade e Mombaça (Trecho 12)).
- Mantido o recolhimento apenas de animais vivos debilitados que necessitem de atendimento veterinário e de carcaças em estágio inicial de decomposição.
- Restringido o atendimento aos acionamentos relacionados a animais vivos.
- Mantido o funcionamento das 15 instalações da rede de atendimento veterinário, assegurando a continuidade do atendimento dos animais que estão em reabilitação e a realização de necropsia das carcaças. O funcionamento conta com efetivo reduzido e adoção de medidas de restrição de convivência e compartilhamento de ambientes.
Conheça aqui as ações de contingência adotadas nos demais projetos ambientais condicionantes.