O Bloco Ilê Aiyê esteve nos dias 26 e 27 de novembro no território no Quilombo da Fazenda, em Ubatuba (SP), e no Quilombo de Santa Rita do Bracuí, em Angra dos Reis (RJ), para compartilhar um pouco da história, luta, música e dança do bloco afro que há quase 50 anos traz a força da cultura negra para as ruas e comunidades de Salvador (BA).
A atividade, puxada pelo Projeto Povos, contou com oficina de percussão e dança do Ilê Aiye, além de trilhas e vivências do próprio jongo e história das comunidades da região. A troca também contou com a participação do Quilombo da Caçandoca, Aldeia Sapukai e integrantes do movimento negro.
Os quilombos da Fazenda, em Ubatuba-SP, e de Santa Rita do Bracuí, em Angra dos Reis-RJ participam do Projeto Povos, um processo de caracterização exigido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os moradores remanescentes dessas comunidades quilombolas recepcionaram os músicos e bailarinos do Bloco Afro para um momento de partilha, em que depoimentos e saberes ancestrais puderam ser trocados com o objetivo de fortalecimento da luta antirracista e da difusão da cultura afro-brasileira.
Neste encontro, os grupos locais de Jongo apresentaram para os integrantes do Ilê Aiyê vários aspectos dessa expressão cultural tradicional da região sudeste do país, vinculada aos povos de origem bantu e que tem por essência conectar os participantes através do uso de enigmas cantados, dança de umbigada e louvação aos antepassados, mesclando diversão e resistência em um só momento.
Em retribuição, os integrantes do Ilê Aiyê ministraram oficinas de percussão e de dança afro típicas da Bahia, criadas e executadas pelo grupo em suas apresentações, além de compartilhar com os presentes o histórico de lutas do grupo. Foi uma intensa troca de saberes e percepções de transformação da sociedade através do compartilhamento de histórias de vida e da arte, com participação ativa dos comunitários da região. Para os integrantes do Ilê, a vivência de outras expressões culturais de povos tradicionais ajuda o grupo a desenvolver e divulgar suas atividades para também subsidiar novas percepções de fortalecimento da cultura afro em todo o Brasil.
Os integrantes das comunidades tradicionais jongueiras que receberam os integrantes no Ilê Aiyê definiram o encontro como uma oportunidade valiosa de trocar ideias e experiências com um dos grupos mais importantes para a valorização da cultura afro no Brasil.
Sobre o projeto Povos
O Projeto Povos (Projeto de Caracterização de Territórios Tradicionais - PCTT) é realizado na Bacia de Santos como resultado de condicionante do processo de licenciamento ambiental federal conduzido pelo Ibama e tem como objetivo fazer um amplo diagnóstico das comunidades tradicionais localizadas nos municípios de Angra dos Reis (RJ), Paraty (RJ) e Ubatuba (SP), sistematizando as informações obtidas em bancos de dados e em material gráfico de linguagem acessível para uso das comunidades.