É verão! A estação mais quente do ano chegou e, com ela, o aumento de pessoas frequentando as praias do nosso litoral. Nada como se refrescar no mar, não é mesmo? Mas, lembre-se: nós, humanos, não somos os únicos frequentadores. Aliás, para animais silvestres e marinhos a praia não é só um momento de lazer: é seu lar!
Um dado curioso obtido pelo Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BS) é de que nos meses mais quentes do ano há menos registros de animais encalhados nas praias monitoradas, do que nos meses mais frios. Conforme se aproxima o verão, diversos animais migratórios, como pinguins, petréis e albatrozes, começam a deixar o nosso litoral e migrar para áreas reprodutivas ou de alimentação distantes. Por outro lado, espécies que vivem por aqui o ano todo, como gaivotas (Larus dominicanus) e fragatas (Fregata magnificens) podem ser encontradas no litoral durante os meses mais quentes.
Nesta época do ano é comum chegar aos centros de reabilitação do PMP-BS um número maior de espécies de aves, principalmente de animais juvenis que estão aprendendo a interagir com o ambiente. “Geralmente, esses animais são menos experientes do hábito da caça e acabam se alimentando de matéria orgânica e dejetos deixados na praia”, afirma Fábio Lima, veterinário do PMP-BS/UFPR. De acordo com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), foram recolhidas em torno 515,7 toneladas de lixo nas praias de Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná no último verão. Os restos de comida atraem os animais e outros tipos de lixo, como plásticos, metais e madeiras, podem ferir ou até causar a morte de animais.
Em novembro de 2020, a equipe da UNIVILLE, instituição responsável pelo monitoramento no litoral norte de Santa Catarina, resgatou uma gaivota na praia Enseada, em São Francisco do Sul, com um palito de churrasco no estômago (veja imagem abaixo). A ave estava tão debilitada que mesmo com a agilidade do atendimento, não foi possível salvá-la, e acabou vindo à óbito.
Além do lixo, o aumento do trânsito de embarcações de turismo, lanchas e jet-skis no litoral podem causar colisões com animais marinhos, especialmente cetáceos costeiros, como o boto-cinza (Sotalia guianensis) e tartarugas marinhas.
Um outro perigo para as aves é o uso de linhas de pipa com cerol ou linha chilena, o que é proibido, para empinar pipas, que faz esta atividade tão divertida e bonita, virar uma fonte de acidentes graves com aves, em muitos casos mortais. O IPeC, instituição responsável pelo monitoramento na região de Cananeia, litoral sul de São Paulo, já registrou três casos de fragatas feridas com cortes muitos profundos causados por esta linhas e, devido à gravidade extrema destas lesões, os animais infelizmente precisaram passar por eutanásia, que é o procedimento veterinário de indução da morte do animal, de forma ética e baseada em legislação específica.
Evitar acidentes é dever de todos! Inclusive com os animais marinhos. Saiba como:
Sempre que possível leve seu lixo da praia embora para casa ou hospedagem, e o descarte da forma adequada para que seja coletado.
Se for deixar lixo nas lixeiras que existem em algumas praias, tome os seguintes cuidados para evitar que animais famintos se machuquem, como:
Remova as pontas de palitos e espetos de madeira
Retire os lacres das latas de alumínio
Corte elásticos de máscaras descartáveis
Separe lixo orgânico dos recicláveis, se houver lixeiras separadas
Se for andar em embarcação, lancha ou jet-ski, reduza ou oriente o condutor a reduzir a velocidade caso encontrem animais marinhos, e mantenha a distância, para não perturbar os animais. Aproveite a oportunidade para filmar ou fotografar os animais.
Lembre a todos os conhecidos que o uso de cerol e linha chilena é proibido para empinar pipas, pois além de ferir ou matar aves, também pode ferir ou matar pessoas, especialmente motociclistas. Garanta a diversão segura das crianças e adolescentes ao empinar pipas, nunca comprando ou permitindo o uso de linhas com cerol ou chilena.
Encontrei um animal marinho na praia. E, agora?
Ao avistar baleias, lobos ou leões-marinhos, golfinhos, pinguins, aves marinhas e tartarugas, vivos ou mortos, em praias atendidas pelo PMP-BS, siga estes procedimentos:
Ligar imediatamente para o telefone 0800 642 3341, caso esteja em SC, PR e SP ou 0800 999-5151, caso esteja no RJ (Paraty até Saquarema)
Mantenha distância, não mexa ou toque o animal, nem tente alimentar, molhar ou levar o animal de volta para água,
Oriente pessoas próximas a manter distância e não perturbar o animal,
Se quiser, tire fotos, de longe e sem flash.
Se quiser, pode divulgar este card para sua rede de contatos.
Sobre o PMP-BS
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos abrange os municípios litorâneos dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e do Rio de Janeiro (de Paraty até Saquarema). A extensa área a ser monitorada pelo PMP-BS é dividida em Área SC/PR (cuja execução é coordenada pela Univali), Área SP (cuja execução é coordenada pela empresa Mineral) e Área RJ (cuja execução é coordenada pela empresa Econservation).
O projeto, executado pela Petrobras para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, é uma ferramenta para a gestão ambiental das atividades da companhia e entrega um resultado importante para a conservação das espécies marinhas.