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Conhecer para preservar

Atualizado em 25/08/2023

Postado em 22/08/2023

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Mais de 140 mil animais encontrados ao longo de 8 anos de monitoramento das praias dos estados de Santa Catarina (de Laguna até Itapoá), Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro (de Paraty até Saquarema). Apesar de expressivo por si só, esse número representa ainda mais descobertas, incluindo registros inéditos obtidos em mais de 1.500km de costa monitorados (divididos em 15 trechos).

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos foi resultado de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para empreendimentos off-shore na Bacia de Santos. O objetivo  é avaliar a interferência das atividades de Exploração e Produção Offshore da Petrobras na Bacia de Santos sobre aves, tartarugas e mamíferos marinhos por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário a animais vivos e necropsia dos mortos.

Além da avaliação sobre a possível interferência das atividades de E&P sobre esses animais, o projeto permitiu reunir informações valiosas sobre a ecologia, comportamento, manejo e clínica dos animais, além dos principais impactos que levam aos encalhes, gerando um banco de dados robusto sobre a fauna marinha e aspectos costeiros das regiões monitoradas.

Um exemplo é o salto de resgates feito pelo Instituto Gremar, responsável pelo trecho 9 (SP – Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente), que foi de cerca 4 mil durante os 13 primeiros anos de sua existência para mais de 8 mil animais nos últimos 8 anos, com o início do PMP-BS. 

“Antes as ocorrências eram notificadas apenas via acionamento. Com a implantação do projeto, passamos a monitorar diariamente as praias, o que vem contribuindo para a geração de conhecimento, a recuperação da biodiversidade marinha e costeira e a conservação das espécies ameaçadas. Sem dúvidas, um trabalho totalmente necessário para o planeta e para a humanidade.”, afirma a bióloga responsável técnica Rosane Farah, que atua no Gremar desde 2009.

O biólogo Marcio Hidezaku Okawara também está no projeto desde o começo. Nos 4 primeiros anos, ele foi técnico de campo, monitorando cerca de 40km de praias de Itanhaém e Peruíbe (trecho 8). Ele conta que uma de suas experiências mais marcantes foi o encalhe em apenas um dia de 74 animais marinhos. “Esse evento exigiu uma logística intensa, que conseguimos organizar graças ao esforço de toda a equipe”, destacou.

Constante evolução
Ao longo desses 8 anos, o PMP-BS foi aprimorando sua atuação, com aquisição de materiais e aparelhos científicos para a realização de exames, procedimentos veterinários, manutenções, necropsias, entre outros.


Segundo o médico veterinário João Paulo, que atua no Instituto de Pesquisa Cananeia (IPeC) desde o início do projeto em 2015, “é notável a evolução do Instituto e da equipe ao longo desses anos de PMP-BS. Começamos do zero, com uma estrutura improvisada e evoluímos tanto que eu posso dizer que o PMP-BS levou o Brasil a um patamar internacional a nível de dados científicos coletados”.

Para o Assistente Técnico do Instituto Gremar, Daniel Donadio, um dos avanços mais visíveis aconteceu na identidade de imagem do projeto. No começo, os uniformes eram camisetas brancas com a palavra “monitoramento” escrito nas costas, em preto e caixa alta. “As pessoas até nos olhavam desconfiadas, achando que éramos algum tipo de fiscalização. Com o tempo, a educação ambiental e as evoluções de identidade visual do projeto fizeram a população compreender melhor a missão que o PMP-BS tem. O logo do projeto representa muito bem o que executamos em nossa rotina!”, afirmou.

Conscientização 
Além do monitoramento, o PMP-BS também realiza ações de educação ambiental, participa de iniciativas de limpeza de praias e exposições sobre a atuação do projeto. Em 2019, as equipes fizeram parte do mutirão “Praia mais limpa”, em Maricá-RJ, quando foram recolhidas 3 toneladas de resíduos, configurando a maior limpeza de praia da história da cidade. 

“Fazer parte desse projeto, podendo atuar no monitoramento e realizar o resgate, identificação e manejo de aves, tartarugas e mamíferos marinhos, me fez crescer como profissional, me mantendo atualizado, fazendo contatos com outros profissionais atuantes e experimentando descobertas na área que ainda tem muito a ser estudada”, disse o coordenador do trecho 13 (RJ – Mangaratiba), Leandro Gomes Corrêa. 


Em Imbituba (SC) está o “Espaço Australis”, um ambiente cujo objetivo é sensibilizar visitantes através da exposição esqueletos e animais taxidermizados de diferentes grupos, desde grandes cetáceos até pequenas aves. São exemplares coletados pelas equipes do PMP-BS durante a rotina de monitoramento e que neste espaço ganham um novo sentido, aproximando a comunidade da biodiversidade da região.

É também neste espaço que, durante os meses de verão, acontece o “Momento PMP”, realizado em parceria com o programa “De Férias com as Baleias”. São atividades realizadas com o objetivo de aprender sobre o oceano, a fauna marinha e o trabalho do Projeto de Monitoramento de Praias de forma lúdica e divertida.

Histórias pra contar
O ano de 2021 foi marcante devido ao grande número de encalhes de baleias, em especial baleias-jubartes (Megaptera novaenagliae) juvenis, com média de 10 metros de comprimento total. Entretanto, o encalhe da baleia-fin (Balaenoptera physalus), com mais de 20 metros de comprimento em avançado estágio de decomposição, em uma praia de difícil acesso na Ilha do Mel, surpreendeu a todos por ser um grande desafio logístico e pela raridade da espécie em encalhar em praias brasileiras.


“Por dia foram mobilizadas mais de 30 pessoas para o atendimento e ainda sim foram necessários sete dias para necropsia e destinação correta da carcaça. Os grandes encalhes de baleia exigem grande esforço, equipes capacitadas, integração entre diferentes atores e muita comunicação entre a equipe atuante e a população do entorno”, destaca a gerente operacional Liana Rosa. 

Era março de 2022 quando o biólogo marinho Thiago Felipe de Souza, mais conhecido como Abú, percebeu “marcas” diferentes nas areias da praia de Salinas em Balneário Barra do Sul. Seu conhecimento profissional e a experiência adquirida nos anos de PMP-BS foram essenciais para que ele identificasse os rastros de uma tartaruga marinha, indicativos de uma desova. Mas, o que surpreendeu não apenas Thiago, mas toda a equipe foi descobrir que se tratava de uma tartaruga-verde (Chelonia mydas), pois não havia registros de nascimentos dessa espécie no sul do Brasil.

“Todo esse tempo no PMP-BS acabou por treinar os meus olhos, e eu aprendi a enxergar coisas que a maioria das pessoas não vê”. Quem diria que eu ia encontrar a desova de tartaruga-verde na nossa região né?! Isso foi muito simbólico e eu estou ansioso para saber as outras surpresas que o mar reserva pra mim!” disse Abu.

Nas semanas seguintes novos rastros foram encontrados, totalizando 3 ninhos localizados e monitorados por quase 4 meses. A soltura dos filhotes foi realizada na praia da Tartaruga, em São Francisco do Sul em junho de 2022. 

Conheça os principais marcos do projeto nestes 8 anos:


 



 

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