O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), executado pela Petrobras para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, realizou ontem (11.03), de avião (pela GOLLOG), o transporte de um lobo-marinho do Rio de Janeiro para Santa Catarina. Resgatado em 11 de agosto do ano passado, em Barra de Guaratiba, com sinais de debilidade, desidratação e uma lesão severa no olho esquerdo, o animal, após sete meses de tratamento veterinário, retornará ao habitat natural. “As correntes marinhas no Rio não são favoráveis para soltura do lobo-marinho nesta época do ano, o que diminuiria as chances de retorno do animal a uma colônia. Por isso, a soltura será realizada em Florianópolis, explica a bióloga da Petrobras, Bianca Torggler.
O animal, da espécie Arctocephalus australis (lobo-marinho-sul-americano), esteve em tratamento no Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) em Araruama, onde passou por diversos tratamentos e por uma cirurgia no olho esquerdo. Além disso, desde o início da reabilitação foram adotadas medidas para evitar alterações no seu comportamento, como, por exemplo, o uso de barreiras visuais, manejo com o mínimo possível de contato com humanos e alimentação na água. “São técnicas utilizadas para garantir que o animal sobreviva no oceano, se alimente espontaneamente, reconheça sinais de ameaça e tenha comportamentos antipredatórios”, explica Juliana Savolli, coordenadora veterinária da Econservation, empresa contratada pela Petrobras para o PMP-BS no Rio de Janeiro.
O transporte iniciou às 16h, e foi realizada primeiro por via rodoviária, em carro climatizado e caixa específica para o animal. Para que o transporte ocorresse em segurança, uma veterinária acompanhou o lobo-marinho de Araruama até minutos antes do embarque, no aeroporto Santos Dumont. Foi, inclusive, autorizada a permanecer com o animal na área restrita de carga. “O transporte de mamíferos marinhos é delicado, pois pode causar estresse e hipertemia. O acompanhamento veterinário neste momento é fundamental para garantir a estabilidade do animal, controlando a respiração e temperatura dele”, explica a veterinária que o acompanhou Joana Ikeda, do Maqua/UERJ, uma das instituições executoras do PMP-BS.
O lobo-marinho, pesando em torno de 19 Kg, chegou à Florianópolis por volta de meia noite. Imediatamente, foi levado para Centro de Reabilitação e Despetrolização do PMP-BS, no Parque Estadual do Rio Vermelho. A operação contou com o apoio da Policia Militar Ambiental. Ele ficará aos cuidados da Associação R3 Animal, uma das instituições executoras do PMP-BS no estado de Santa Catarina, e, após estabilização e avaliação clínica, o animal será solto no mar.
Sobre o PMP-BS
O PMP-BS abrange os municípios litorâneos dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e do Rio de Janeiro (de Paraty até Saquarema). A extensa área a ser monitorada (mais de 1.500 km de costa) pelo PMP-BS é dividida em Área SC/PR (cuja execução é coordenada pela Univali), Área SP (cuja execução é coordenada pela empresa Mineral) e Área RJ (cuja execução é coordenada pela empresa Econservation).
O monitoramento engloba registro, resgate, necropsia, reabilitação e soltura de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, contribuindo para a gestão de políticas públicas para a conservação da biodiversidade marinha.
A população pode participar, acionando as equipes ao avistar um animal marinho vivo ou morto, pelos telefones: