O PMP-BS registrou em 2023, 19.662 animais na área do projeto, que abrange trecho da costa desde Laguna/SC até a Praia da Vila em Saquarema/RJ. Aproximadamente 65% dos registros foram de aves, 30% de tartarugas marinhas, 5% de mamíferos marinhos, com destaque novamente para o Pinguim de Magalhães (Spheniscus magellanicus), com mais de 8.000 registros, correspondendo a mais de 40% do total de registros. Outro padrão que se repete é que a maioria dos animais foram encontrados mortos. Os animais encontrados vivos e debilitados foram avaliados e encaminhados à Rede de Atendimento Veterinário, sempre que necessário. Após reabilitação e cuidados veterinários, foi possível devolver à natureza mais de quinhentos animais (confira abaixo os números em detalhe).
Total de ocorrências registradas no PMP-BS em 2023
Ocorrências de animais mortos e vivos em 2023
Animais encaminhados para reabilitação na Rede de Atendimento Veterinário em 2023
O ano passado trouxe um desafio adicional ao PMP-BS: a emergência sanitária da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), também conhecida como Gripe Aviária. As equipes do PMP-BS tiveram um papel relevante para a identificação de casos suspeitos da doença e comunicação às autoridades. Foram adotadas medidas preventivas para proteção dos profissionais envolvidos no projeto e dos animais em reabilitação nas instalações veterinárias, como o estabelecimento de áreas de quarentena, por exemplo.
Resgates de cetáceos oceânicos Os resgates de cetáceos oceânicos representam números pequenos dentre todos os animais atendidos pelo PMP-BS, no entanto, estes são sempre marcantes, pois são espécies que raramente são atendidas e, além disso, demandam cuidados específicos e intensivos prestados pelas equipes. Em março, uma ocorrência considerada rara aconteceu em Angra dos Reis (RJ). Moradores e policiais militares do Batalhão na Praia do Provetá, na Ilha Grande, informaram ao PMP-BS sobre uma orca-pigmeia (Feresa attenuata), espécie de golfinho oceânico, encontrado encalhado. Apelidada pela equipe como Tereza, a orca-pigmeia foi encaminhada para o Centro de Reabilitação de Angra dos Reis. Com diagnóstico de pneumonia, permaneceu em tratamento por 14 dias. Foi o primeiro indivíduo desta espécie reabilitado com sucesso no PMP-BS.
Indivíduo da espécie Feresa attenuata (orca-pigmeia) em reabilitação no Centro de Reabilitação de Angra dos Reis do PMP-BS
Em julho, houve um resgate de uma cachalote-pigmeu (Kogia breviceps) no Guarujá/SP. O cachalote-pigmeu é uma espécie oceânica, que habita águas profundas, de difícil avistamento no mar. Por mais de quatro horas, veterinários e técnicos de campo permaneceram no mar para estabilizar o animal – uma fêmea juvenil, com cerca de 3 metros de comprimento. Em estado crítico, com lesões na cauda e pelo corpo, foi encaminhada ao Centro de Reabilitação no Guarujá, onde foi monitorada 24 horas durante a reabilitação, que trouxe melhora em sua capacidade de natação e orientação. A cachalote-pigmeu foi solta no mar de forma assistida, com técnicos garantindo conforto térmico e suporte durante várias horas, para que o animal se readaptasse ao seu habitat. Infelizmente, no dia seguinte, o animal foi encontrado em óbito em uma praia do município vizinho, São Vicente, com marcas de possível interação com petrechos de pesca. Durante o exame de necropsia foram identificadas novas marcas de interação com rede de pesca no animal, além de sinais de afogamento na análise dos pulmões. Outras amostras mais meticulosas foram coletadas para confirmar as evidências encontradas.
Soltura após reabilitação da cachalote-pigmeu (Kogia breviceps) demandou grande mobilização
A soltura contou com suporte até que o animal se readaptasse às condições do ambiente natural
Em novembro, o encalhe de um cetáceo vivo movimentou um sábado de sol com vários banhistas na Praia de Ubatuba em São Francisco do Sul/SC. A equipe do PMP-BS foi acionada com a informação de que um “golfinho” vivo estava encalhado. No local, verificou-se que se tratava de um cachalote-pigmeu macho adulto (Kogia breviceps) de 3 metros de comprimento. Os banhistas, sob orientação da equipe técnica, ajudaram na montagem de uma piscina na areia. Os veterinários avaliaram o indivíduo e iniciaram o tratamento. O animal precisou ser transferido para o Centro de Reabilitação em Florianópolis, realizado em um trailer especialmente construído para esse tipo de movimentação. No entanto, mesmo com todo esforço das equipes envolvidas, o animal veio a óbito 31 horas após o encalhe.
Banhistas, sob orientação da equipe técnica, ajudaram na montagem de uma piscina na areia
Independentemente do desfecho, todos estes resgates são muito desafiadores para as equipes, e agregam conhecimentos sobre o manejo destas espécies, cuja fisiologia é pouco conhecida, e fortalecem o trabalho em rede no PMP-BS.
Saiba mais sobre o PMP-BS O projeto realiza o monitoramento por áreas: - Área SC/PR, de Laguna/SC até Guaraqueçaba/PR, cuja execução é coordenada pela Univali; - Área SP, em todo o litoral do Estado de São Paulo, cuja execução é coordenada pela empresa Mineral; - Área RJ, de Paraty até Praia da Vila em Saquarema, cuja execução é coordenada pela empresa Econservation. O projeto compreende o registro, resgate, necropsia (no caso de animais mortos), reabilitação e soltura de aves marinhas, tartarugas e mamíferos marinhos, nas praias de sua área de abrangência, contribuindo para o conhecimento e conservação da biodiversidade marinha. O PMP-BS é um projeto executado pela Petrobras em atendimento a exigências do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo IBAMA.